23 de mar. de 2011

Sossego ficou na lembrança dos moradores de Ratones, em Florianópolis

Criminalidde no bairro não é novidde para quem vive na região
Alessandra Toniazzo

alessandra.toniazzo@horasc.com.br

O sossego foi embora do Bairro Ratones, no Norte da Ilha. Se antes era possível dormir com a janela aberta, hoje, ninguém fica sem trancas nas portas ou se arrisca a circular pelas ruas, depois que o sol se põe. Nas rodas de amigos, o assunto mudou: o assalto no mercado de um, ou o arrombamento na casa do outro.

No último dia 10, bandidos violentos entraram em um sítio, renderam a família do caseiro e levaram um carro. Até agora, nenhum suspeito do caso foi preso.
Cenas como esta, de acordo com quem mora no local, tornaram-se frequentes nos últimos dois anos.
Ao serem perguntados sobre a famosa tranquilidade dos Ratones, os moradores franzem a testa e negam, balançando a cabeça.

Medo como companhia
Por causa do medo, os habitantes da região preferem não falar sobre os crimes. Quem conta o que vê, não se identifica.

– Tráfico de drogas, ameaças com armas de fogo, isso é diário aqui. Ninguém dorme tranquilo. Chego do trabalho de madrugada e rezo antes de entrar no bairro. Vim para cá há sete anos querendo paz e hoje só penso em ir embora – desabafou um morador.

Morro do 26
Ao se aproximar do portão de casa (com dois cadeados), um morador olha para os dois lados, na tentativa de prevenir um assalto.
– Arrombaram minha casa seis vezes em um ano. Já levaram até galinhas. Tenho 60 anos e nunca imaginei que viveria preso em casa – lamentou.

A família, que vive do mercado, já sofreu quatro arrombamentos. Segundo o proprietário, Ratones mudou depois que famílias vindas de outras regiões e de estados vizinhos se alojaram em áreas de preservação. Mas o que assombra os moradores são os traficantes que se escondem ali.

Assaltam pra comprar droga
– Eles são foragidos e montaram o ponto de tráfico aqui. O consumo é grande e quem não tem dinheiro acaba assaltando para comprar droga. Chamamos de Morro do 26 o lugar onde eles moram, como se fosse a continuação do Morro do 25.

Posto da polícia vazio
Uma base de apoio da Polícia Militar foi construída em 2008, mas nunca foi aberta. De acordo com o presidente da associação dos moradores do bairro, Flávio De Nori, 49 anos, a sede foi montada pela comunidade, mas nunca funcionou:
– As viaturas aparecem durante o dia, mas não é sempre. A PM tem uma viatura para cuidar de todo o Norte da Ilha, que tem 110 mil pessoas. É uma vergonha.
Uma das alternativas para inibir os crimes na região seria, segundo Flávio, controlar a ocupação ilegal no bairro. O presidente da associação conta que a Secretaria de Habitação se comprometeu em estudar a situação, mas nada foi feito.

O que diz a PM

Palavras do tenente-coronel Dinog Antônio Corte Júnior: "Temos uma viatura que faz a ronda diariamente no local e atende a outras comunidades. Não estou sabendo sobre a situação do tráfico na rua durante a noite. Comentam sobre o nome dado pelos moradores à comunidade e acredito que seja apenas para fortalecer a criminalidade. É um local carente, onde estamos acompanhando a situação do tráfico. Vamos fazer novas rondas e operações na área, de acordo com os horários de risco citados pela população".



http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/horadesantacatarina/19,792,3248051,Sossego-ficou-na-lembranca-dos-moradores-de-Ratones-em-Florianopolis.html

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